Morreu degolada, depois de ter sobrevivido ao caldário.
Arquivos mensais: Novembro 2014
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Identidade (Eduardo Lourenço)
“A identidade europeia é uma identidade simbólica. A identidade europeia é a identidade das diversas culturas, que se reconhecem nos referentes donde a Europa partiu. A nossa referência matricial é a velha Grécia, naturalmente. A essência da Europa é o pensamento grego, e o pensamento grego quer dizer a Filosofia, o pensamento grego quer dizer a Tragédia, a Comédia, o pensamento grego quer dizer a Álgebra, a Matemática. A origem, o núcleo ideal do que nós chamamos Europa está no passado, e de algum modo as revoluções europeias são sempre uma maneira de voltar à origem ou de reescrever a origem.
Um dos filósofos mais importantes do século passado, Heidegger, não fez outra coisa senão pensar que o pensamento mais actual não era o pensamento pós-kantiano, hegeliano, etc., quer dizer, o filho da modernidade europeia, mas sim o mais arcaico pensamento – que já era a ideia de Nietzsche -, o pensamento pré-socrático. A Europa é pré-socrática, é socrática. Depois os romanos apoderaram-se dessa cultura, dessa literatura, e traduzem em romano, e nós dizemos sempre cultura greco-romana, mas cultura greco-romana são duas coisas. Roma é outra coisa que não cultura, e Roma é que é a matriz. Na ordem política, Roma é que foi realmente a primeira Europa. É o modelo em relação à Europa, se se pensa na ordem política, e não há outro modelo para nós.”
Eduardo Lourenço, In Pequena Meditação Europeia
O poder das palavras: um exemplo de ‘pathos’
Identidade (Camões, Éclogas II)
“E sou já do que fui tão diferente
Que, quando por meu nome alguém me chama,
Pasmo, quando conheço
Que inda comigo mesmo me pareço.”