G. Steiner

«Poderíamos então dizer que Steiner vai contra o princípio de que há uma musa dos poetas, mas não há uma musa dos filósofos. Mas é preciso também ter em conta que um título como “Poesia do Pensamento” joga numa duplicidade, obriga-nos a ter em conta tanto o genitivo subjectivo (que se refere à poesia inerente ao pensamento) como o genitivo objectivo (referente à poesia sobre o pensamento). É num movimento constante entre um e outro que se move George Steiner. Trata-se então de ler os grandes filósofos da tradição ocidental como produtores de um estilo, de uma retórica, conduzindo-nos assim não só ao coração da linguagem, mas também à “criatividade da razão”. Nietzsche ocupa na economia do livro e na argumentação de Steiner um lugar muito importante.» [António Guerreiro, «Atual», «Expresso», 8-12-2012]

«”A Poesia do Pensamento” talvez seja a obra magna deste mestre europeu. Percorre dois milénios da cultura ocidental, à procura das ligações entre a filosofia e a linguagem poética e literária. É a súmula de 50 anos de percurso analítico e crítico de um dos dinossauros de uma conceção de cultura ameaçada de extinção. (…) Hoje, para Steiner, quando a cultura corre o risco de se tornar jogo, a rutura radical do presente com a alta cultura acumulada em dois milénios de História do Ocidente pode terminar também em silêncio, mas um silêncio estéril e fatal, ao qual apenas um “cantor rebelde” ou um filósofo solitário poderá dizer “não”.» [Filipa Melo, «Ler», Dezembro de 2012]